Por uma UFF mais ágil
CÍCERO MAURO FIALHO RODRIGUES, reitor da UFF / Foto de Gustavo Stephan

Ediane Merola


Reeleito reitor da UFF com apoio de 44% da comunidade acadêmica, Cícero Mauro Fialho Rodrigues começa o segundo mandato com novos planos. Entre as propostas de Cícero, que foi aluno, funcionário e professor da federal fluminense, estão dar auxílio-moradia para alunos carentes e criar os cursos de engenharia naval, engenharia de petróleo e gestão ambiental.

O GLOBO: Quais suas prioridades para este segundo mandato?

CÍCERO MAURO FIALHO RODRIGUES: Continuar as ações iniciadas na gestão passada, como reformular o estatuto interno e elaborar o Plano de Desenvolvimento Institucional.

O que os estudantes podem esperar da UFF nos próximos quatro anos?

CÍCERO: Uma universidade mais ágil. Estamos informatizando os setores e investindo nos servidores. Hoje temos três mil computadores, mas precisamos de cinco mil.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, propõe a transferência das universidades do Ministério da Educação para o de Ciência e Tecnologia. O que o senhor acha disso?

CÍCERO: Pode facilitar o investimento em pesquisas, mas conceitualmente é ruim, pois o ensino básico continuaria com o MEC, rompendo a idéia de que o ensino deve ser continuado. Espero que Lula aumente o orçamento das universidades de 5% para 7% do PIB . Hoje, ele não cobre as despesas fixas.

Este ano a UFF criou os cursos de turismo e biomedicina. Há outras novidades em vista?

CÍCERO: Queremos criar os cursos de engenharia naval, engenharia de petróleo e gestão ambiental. A idéia é oferecer um deles já em 2004.

Na UFRJ, alunos carentes receberão bolsa-auxílio. E na UFF?

CÍCERO: Pretendemos criar, até ano que vem, uma bolsa de auxílio para moradia de R$ 180. Cerca de 300 alunos precisam do benefício, mas talvez não seja possível dar a todos. Atualmente oferecemos 1.050 bolsas de monitoria, 400 de iniciação científica, 80 de extensão e outras de estágio.

Este ano as federais tiveram menos inscritos que nos anos anteriores. A UFF, com 49.416 vestibulandos, teve mais candidatos que a UFRJ. Por quê?

CÍCERO: As pessoas não fazem mais todos os concursos. É bom saber que a UFF está bem conceituada. Faremos levantamento para saber o que levou os candidatos a optar pela UFF.

O que o senhor acha da reserva de vagas para alunos negros e estudantes da rede pública?

CÍCERO: Criar cotas não resolve o problema. A entrada de alunos de renda mais baixa obriga a universidade a oferecer aulas de reforço. Os governos deveriam se mobilizar e oferecer condições para o estudante entrar na faculdade por seus próprios meios. As universidades podem contribuir oferecendo qualificação para professores.

O senhor é favorável à utilização do Enem como parte do vestibular?

CÍCERO: O exame ainda está em fase de experimentação. Estamos estudando a possibilidade, mas ainda não será agora que ele fará parte do concurso.
 
Fonte: O Globo - Megazine - 03/12/2002

anterior

índice de matérias

próximo