Curso da UFF é celeiro de talentos da sétima arte
Lavinia Portella

Na próxima quarta-feira começa o Festival de Cannes. O curta universitário “Um sol alaranjado”, do cineasta Eduardo Valente, terá a chance de faturar 15 mil euros na mostra. Outros filmes que levam a assinatura de alunos e ex-alunos do curso de cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF) e foram produzidos ou co-produzidos pela instituição tiveram trajetórias semelhantes.

O média-metragem “PSW, uma crônica subversiva”, de Paulo Halm, ganhou 18 prêmios nacionais e internacionais em 1987. Quase dez anos depois, o curta “Terral”, de Eduardo Nunes, repetiu o feito. Com cinco minutos de duração, “Gangorra”, de Cristian Borges, foi premiado, inclusive na Alemanha, em 1997.

Elenco de "PSW" contou com Antônio Fagundes

Paulo Halm — roteirista de filmes como “Amores possíveis” e “Pequeno dicionário amoroso” — dirigiu “PSW” em 1986, quando ainda estudava na UFF. Antes mesmo de ser rodado, o filme conquistou seu primeiro prêmio (melhor roteiro de média-metragem), da Embrafilme. No Festival de Gramado em 1987, voltou a ganhar na mesma categoria. O filme ainda recebeu prêmio do Ofício Católico Internacional, devido ao viés humanista da obra.

O dinheiro ganho com a premiação da Embrafilme ajudou na contratação de Antônio Fagundes, para o papel principal, Maria Padilha e Paulinho Moska, ator, na época. Com 53 minutos, “PSW” conta a trajetória de Paulo Stuart Whright, deputado catarinense perseguido durante a ditadura militar.

Com a história de três pescadores e uma mulher que se interessa por um deles, “Terral”, do diretor Eduardo Nunes, foi longe: ganhou 18 prêmios, quatro deles no Festival de Brasília — melhor diretor, fotografia, montagem e edição de som. No Festival de Hamburgo, a obra do então formando da universidade, feita em co-produção com a UFF e gravada no estúdio da instituição, tirou segundo lugar na categoria melhor curta. Em Gramado, conseguiu conquistar a primeira posição.

— Não é por ser um filme universitário que a obra será menor. Apesar da escassez de recursos é possível contar boas histórias — diz Nunes.

Cristian Borges levou para as telas a história bizarra de uma criança, um assassino e sua vítima. À exceção dos atores, a equipe do filme era formada por alunos da UFF. Filmado no jardim de uma casa em Pendotiba,“Gangorra” tem cinco minutos de duração. O curta participou do Festival de Hamburgo, na Alemanha, e de mostras na Holanda.

— Se o filme for interessante, pode passar em qualquer lugar — diz Cristian.

Fonte: Globo Niterói - 19/05/2002

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