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ETAPA

dia 11/01/99

GRUPOS D - PROVA DE GEOGRAFIA

1a Questão: (2,0 pontos)

Enquanto uma borboleta bate asas na Amazônia, uma tempestade ocorre no Texas. Esta metáfora é uma referência ao processo de globalização que, em 16 de agosto de 1998, tornou possível a repercussão mundial da crise na bolsa de Moscou, ¾ o que está ilustrado a seguir.

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 Fonte: Jornal do Brasil, 27.08.1998.


a)Analise o papel do capital financeiro no processo de globalização.

    Resposta:

    - O capital financeiro se tornou a força hegemônica no capitalismo contemporâneo e vem rompendo as fronteiras entre os países para instituir uma livre e veloz circulação de títulos, ações, moedas etc.

    - O capital financeiro vem instituindo uma nova configuração à geografia mundial, pois implica a supressão das fronteiras dos estados nacionais para constituir um mercado global de títulos, ações, moedas, juros etc.

b) Cite um fator que explique a velocidade e simultaneidade da crise mundial nas bolsas de valores desencadeada a partir da crise na Bolsa de Moscou. Faça um comentário acerca do fator citado.

Resposta:

- A completa falta de controle por parte dos governos nacionais com relação aos fluxos dos mercados financeiros que operam em escala global.

- A fragilização das economias nacionais diante da hegemonia do capital financeiro que impõe um "jogo" de valorizações e desvalorizações de ações, títulos e moedas.

- A operação mundializada do capital financeiro, através de uma rede multiescalar de gestão de capitais e fluxos de informações que penetram e fragilizam as economiais de diversos países.

2a Questão: (2,0 pontos)

Fonte: Adaptado Atlas IBGE

              Ao se observar o mapa constata-se que os continentes cujas matas nativas foram mais devastadas são a África e a Europa que possuem, respectivamente, 8% e 0,3% de suas matas nativas.

 

a) Apresente, explicando, um motivo básico que distingue as situações da África e da Europa.

    Resposta:

    Na Europa as matas foram derrubadas não só para o uso agrícola intensivo, mas também para a expansão de áreas urbanas e industriais. Na África, grande parte do desflorestamento se deve, além da utilização agrícola do solo e da expansão demográfica, à exploração da madeira e à formação de pastagens para a pecuária extensiva.

b) Explique porque os reflorestamentos da Europa e da África mostram resultados distintos.

Resposta:
No caso da África, os ecossistemas são mais complexos, os solos tropicais são mais frágeis e muito suscetíveis à erosão. As matas têm mais espécies, muitas delas de crescimento mais lento, o que torna relativamente mais lenta sua recuperação.

Nas florestas de clima temperado da Europa, os ecossistemas são menos complexos em termos de número de espécies e estas, em geral, apresentam crescimento mais rápido.

3a Questão: (2,0 pontos)

Neste século, durante as décadas de 60 e 70, a migração interna no Brasil assumiu a direção campo-cidade. Entretanto, nas últimas décadas passou a ganhar destaque a migração cidade-campo num movimento cotidiano que envolve milhares de trabalhadores.

Tendo em vista estas duas modalidades de migração apresentadas, explique:

a) dois fatores que promoveram (e ainda promovem) a migração campo-cidade;

    Resposta:

    - A concentração fundiária sob a forma de latifúndios e empresas agrícolas continua excluindo milhões de trabalhadores do acesso à terra.
    - A modernização da agricultura que vem substituindo o emprego de trabalhadores pela utilização de máquinas.
    - A expansão da agricultura comercial de exportação que promove a reconcentração de terras e a expulsão de pequenos e médios arrendadores, parceiros e proprietários.

b) como se realiza a migração cidade-campo.

Resposta:

Muitos trabalhadores expulsos do campo passam a residir na periferia das cidades, onde constituem bolsões de mão-de-obra barata que é recrutada para o trabalho agrícola sob a condição de volante ou bóia-fria. Assim, se configura um movimento pendular cidade-campo.

4a Questão: (2,0 pontos)

As desigualdades regionais no Brasil continuam muito fortes. Considere esta afirmativa e analise os dados dos quadros:

% da renda apropriada pelos
10% mais ricos

Taxa de mortalidade infantil

(96)

(94) por 1.000

Alagoas 54,03 Acre 102
2o Acre 52,69 2o Alagoas 83
Bahia 52,68 Amazonas 78
Pernambuco 50,83 Pernambuco 67
Tocantins 50,60 Paraíba 65
Ceará 50,52 Maranhão 63
Sergipe 49,89 Amapá 60
Pará 49,47 Pará 60
Maranhão 49,47 Sergipe 53
10º Rio Grande do Norte 48,64 10º Bahia 50
11º Paraíba 48,40 11º Piauí 49
12º Goiás 47,15 12º Ceará 41
13º Mato Grosso do Sul 45,64 13º Rondônia 41
14º Rio de Janeiro 45,47 14º Roraima 37
15º Mato Grosso 45,14 15º Rio Grande do Norte 34
16º Paraná 44,98 16º Minas Gerais 31
17º Espírito Santo 44,61 17º Tocantins 31
18º Minas Gerais 44,18 18º Paraná 30
19º Distrito Federal 43,79 19º Distrito Federal 28
20º Amapá 43,42 20º Espírito Santo 28
21º Rio Grande do Sul 43,13 21º Mato Grosso 28
22º Piauí 42,53 22º Mato Grosso do Sul 28
23º Amazonas 42,06 23º Rio de Janeiro 27
24º Rondônia 41,23 24º Goiás 26
25º São Paulo 40,99 25º São Paulo 26
26º Santa Catarina 40,43 26º Santa Catarina 25
27º Roraima 30,37 27º Rio Grande do Sul 22

Fonte: IBGE

a) Compare as regiões Norte e Sul do Brasil, considerando, como referência, a distribuição de renda e a taxa de mortalidade infantil apresentadas.

    Resposta:
    As duas regiões apresentam os elevados índices de concentração de renda como traço comum. Entretanto, a mortalidade infantil é maior na Região Norte, em função da ausência de investimentos sociais por parte do Estado, das precárias condições sanitárias que acompanham o processo de urbanização e da pobreza gerada pela exclusão socioeconomica.

b) Identifique a região brasileira que apresenta maior desigualdade social, explican-do o porquê desta condição.

Resposta:
A Região Nordeste é aquela que apresenta maior desigualdade social. A presença secular do latifúndio, o desemprego e a elevada concentração de renda explicam tal condição.

5a Questão: (2,0 pontos)

Poema I
O Sem-Fim
..................................................

E chumbo com armas de fogo mosquetões, escopetas,
pra espantar o selvagem;
batelões pra transpor quantos rios topassem
na viagem
provisões nas sacolas de couros pra cinco
jornadas,
sapatões pra duzentas estradas,
chapelão pra dez anos de sol e de chuva;
e o Tietê, que nascera correndo pra dentro
da terra e de costas voltadas pro mar
conduzindo pirogas morenas
com homens de bronze formando bolotas
de músculos
no peito e nos braços,
pra onde vão? Não sabemos
é uma voz que nos chama
e é esta voz que dirá nosso fim.
E os Gigantes partindo pro mato
um por um: vocês rezem por mim!
Longe apenas um canto de pássaro
dizendo "sem-fim"...

CASSIANO, Ricardo, Martim Cererê.
17a Edição, Rio de Janeiro,
José Olympio, 1989.

Poema II

Triste Tietê

Triste rio,
que não fala mais de aventuras
não espelha heróis desbravadores
nem massacres atrozes.
Nas suas águas partidas
os segredos da história são quimeras
de vidas perdidas.
Às vezes se assemelha
outras coincide,
              porém,
não és mais rio: és signo
construído aqui e ali
como tempo-espaço.
Cinzento em pleno dia
              parece a noite,
sem chegada e sem saída.
No silêncio,
além da última estrela irrefletida.
Talvez ainda queira
acenar para o futuro
ou
calar para sempre
o seu novo nome no escuro
    - Metrópole

JAFAR, Adnam (Poema inédito).

PRINCIPAIS RIOS DA
BACIA DO RIO PARANÁ
NO
ESTADO DE
SÃO PAULO

Fonte: Adaptado Atlas IBGE

Os poemas retratam diferentes momentos e formas distintas de apropriação social do Rio Tietê no Estado de São Paulo.

a) Relacionando a leitura do Poema I à observação do mapa, especifique o uso social atribuído ao Rio Tietê e explique porque o perfil de seu curso assumiu, nessa época, especial papel estratégico.

    Resposta:

    O Rio Tietê foi uma importante via das expedições dos bandeirantes paulistas (apresamento de índios e busca de metais e pedras preciosas). "Correndo para dentro e de costas para o mar", ou seja, descendo do Planalto Atlântico em direção ao Planalto Ocidental Paulista, o Rio Tietê teve o seu curso apropriado como instrumento de penetração, expansão e controle territorial da colonização portuguesa na região.

b) No Poema II, o Rio Tietê já compõe a paisagem da Metrópole Paulista e ganha formas específicas de apropriação e uso social. Descreva duas formas de uso urbano do Rio Tietê e apresente suas conseqüências para o meio ambiente.

Resposta:
- Apropriação do curso do Rio para construção de represas e usinas hidroelétricas, modificando seu leito e
alterando processos de erosão – sedimentação fluvial.
- Utilização do curso do Tietê para o lançamento de dejetos industriais e residenciais, provocando a redução
da fauna e da flora aquática devido à forte poluição.