VESTIBULAR UFF/1997 - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - 1ª  Etapa VESTIBULAR UFF/1997
Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - 1ª Etapa

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TEXTO I


01 Na sua distinção entre "brasil" e "Brasil", o autor do texto I estabelece contraste entre ambos.

O contraste que corresponde ao texto é:

(A) brasil – um pedaço perdido de Portugal e da Europa / Brasil – um conjunto doentio e condenado de raças
(B) brasil – sociedade onde as pessoas seguem certos valores / Brasil – entidade viva, cheia de auto-reflexão e consciência
(C) brasil – país com fronteira e território reconhecidos internacionalmente / Brasil – local com que os brasileiros têm uma ligação especial
(D) brasil – objeto sem autoconsciência ou pulsação interior / Brasil – memória e consciência de um lugar especial para os brasileiros
(E) brasil – um processo histórico contínuo / Brasil – uma forma sem vida


02 "Onde quer que haja um brasileiro adulto, existe com ele o Brasil e, no entanto – tal como acontece com as divindades – será preciso produzir e provocar a sua manifestação para que se possa sentir sua concretude e seu poder." (linhas 36-41)

O uso dos travessões no trecho acima se justifica para destacar

(A) reflexão complementar, à margem do que se afirma
(B) oração intercalada com verbo declarativo
(C) oração, indicando mudança de interlocutor
(D) final de um enunciado, enfaticamente
(E) termos ou expressões não usuais


03 Assinale a opção que não apresenta relações de comparação, que estejam lingüisticamente marcadas por conectivos comparativos:

(A) "Como um Deus que está em todos os lugares e em nenhum, mas que também precisa dos homens para que possa se saber superior e onipotente." (linhas 33-36)
(B) "É igualmente um tempo singular cujos eventos são exclusivamente seus, e também temporalidade que pode ser acelerada na festa do carnaval" (linhas 18-21)
(C) "Aqui, o Brasil é um ser parte conhecido e parte misterioso, como um grande e poderoso espírito." (linhas 31-33)
(D) "Onde quer que haja um brasileiro adulto, existe com ele o Brasil e, no entanto – tal como acontece com as divindades – será preciso produzir e provocar a sua manifestação para que se possa sentir sua concretude e seu poder." (linhas 36-41)
(E) "Caso contrário, sua presença é tão inefável como a do ar que se respira e dela não se teria consciência a não ser pela comparação, pelo contraste e pela percepção de algumas de suas manifestações mais contundentes." (linhas 41-45)


04 As três orações adjetivas transcritas abaixo funcionam como adjunto adnominal:

"que pode ser acelerada na festa do carnaval" (linhas 20-21)
"que pode ser detida na morte e na memória" (linhas 21-22)
"que pode ser trazida de volta na boa recor-dação da saudade" (linhas 22-23)

O substantivo a que estas orações se referem é:

(A) recordação
(B) festa
(C) memória
(D) sociedade
(E) temporalidade


05 O emprego do pronome se, algumas vezes, segue a modulação da frase oral coloquial, fugindo à rigidez da norma culta escrita. Este procedimento, aliás, revela uma das características lingüísticas do Modernismo.

Assinale a opção em que ocorre tal procedi-mento:

(A) "sua presença é tão inefável como a do ar que se respira"(linhas 41-42)
(B) "Não se trata mais de algo inerte" (linha 27)
(C) "mas que também precisa dos homens para que possa se saber superior e onipotente." (linhas 34-36)
(D) "e dela não se teria consciência a não ser pela comparação" (linhas 42-43)
(E) "para que se possa sentir sua concretude e seu poder." (linhas 40-41)


06 "Não se trata mais de algo inerte, mas de uma entidade viva, cheia de auto-reflexão e consciência: algo que se soma e se alarga para o futuro e para o passado, num movimento próprio que se chama História." (linhas 27-31)

Na língua portuguesa falada no Brasil, as duas palavras sublinhadas, com freqüência, apresentam a mesma pronúncia. No entanto, no âmbito da escrita , elas se diferenciam quanto a:

(A) campo semântico e classe de palavra
(B) ortografia e divisão silábica
(C) classe de palavra e processo de formação de palavra
(D) campo semântico e divisão silábica
(E) divisão silábica e uso estilístico

TEXTO II

CANÇÃO DO EXÍLIO
DIAS, Antonio Gonçalves. Poesia completa e prosa
escolhida.
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959, p.103

TEXTO III

PAIVA, Miguel & SCHWARCZ, Lilia.
Da colônia ao Império. Um Brasil para inglês ver....
São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 11


07 Nos textos II e III, há um distanciamento da terra natal.

Assinale a alternativa que não corresponde aos textos:

(A) No texto III, há a referência à chegada do colonizador, à miscigenação do branco com o negro e à exploração da terra.
(B) No texto III, os elementos caracterizadores da terra natal se encontram na expressão lingüística, nos trajes e no meio de transporte.
(C) As terras natais do personagem do texto III e do eu-lírico do texto II são diferentes.
(D) Nos textos II e III, há o reconhecimento de que a terra estrangeira é pródiga e prazerosa.
(E) A terceira estrofe do texto II e a última oração do texto III traduzem sentimentos distintos.


08 Quando escreveu a Canção do exílio, em 1841, Gonçalves Dias estava em Portugal.

Assinale a alternativa inaceitável em relação ao texto:

(A) O pronome mais é empregado sempre para valorizar as coisas do Brasil, em relação às de Portugal.
(B) O eu-lírico sente-se como se estivesse exilado, com saudades da pátria.
(C) O advérbio cá refere-se ao Brasil.
(D) Os advérbios e aqui referem-se, respecti-vamente, ao Brasil e a Portugal.
(E) O poema é estruturado através de compa-rações entre o Brasil e Portugal.


09 O poema Canção do exílio é um dos mais famosos da literatura brasileira. Por isso mesmo, muitos outros poemas posteriores referem-se, diretamente, a ele.

Assinale a alternativa que não se refere ao texto II:

(A) "Minha terra tem palmares / onde gorjeia o mar / os passarinhos daqui / não cantam como os de lá." (Oswald de Andrade)
(B) "Eu tão esquecido de minha terra... / Ai terra que tem palmeiras / onde canta o sabiá!" (Carlos Drummond de Andrade)
(C) "Minha terra tem macieiras da Califórnia / onde cantam gaturamos de Veneza." (Murilo Mendes)
(D) "A terra é mui graciosa, / tão fértil eu nunca vi." (Murilo Mendes)
(E) "Se eu tenho de morrer na flor dos anos, / Meu Deus! não seja já; / Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, / Cantar o sabiá!" (Casimiro de Abreu)


10Miguel Paiva e Lilia Moritz Schwarcz retomam, de forma crítica, o processo de colonização do Brasil.

O verso em que o personagem do texto III faz referência ao famoso poema de Gonçalves Dias é:

(A) "Tem palmeiras, sabiás"
(B) "Ai Jesus que beleza nessa terra tudo dá!"
(C) "Ouro muito ouro e produtos tropicais"
(D) "Mulatas à vontade, ai Jesus que perdição"
(E) "Vou viver de exportação"


11 A poética da expressão do eu, do subjeti-vismo, do individualismo exacerbado é marcante na literatura brasileira em certo período do século XIX.

Assinale a alternativa que não é um exemplo desta poética:

(A) "Gosto de meditar de dia, às vezes, / como o ancião" (Junqueira Freire)
(B) "Oh! Vem depressa, minha vida foge... / Sou como o lírio que já murcho cai!" (Casimiro de Abreu)
(C) "Se vario no verso e idéias mudo / É que assim me desliza a fantasia" (Álvares de Azevedo)
(D) "Eu creio, amigo, que a existência inteira / É um mistério talvez" (Álvares de Azevedo)
(E) "A humanidade marcha com a Bíblia por bandeira; / São livres os escravos... " (Castro Alves)

TEXTO IV

Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Guanabara, não era a altura da Paulo Afonso, não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves – era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro.
Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz. Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a "terra que o viu nascer." Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército, procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar.
..................................................................................
Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma sabia as espécies de minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor do ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios. Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do "seu" rio que ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua frente ! Em geral, calmo e delicado, o major ficava agitado e malcriado, quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo.

BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma.
In: Três Romances. Rio de Janeiro: Garnier, 1990, p. 17-18


12 A valorização do nacional, expressa no poema de Gonçalves Dias (texto II) e nas idéias de Quaresma (texto IV), é uma característica presente nos seguintes períodos literários:

(A) Simbolismo e Modernismo
(B) Arcadismo e Romantismo
(C) Realismo e Simbolismo
(D) Romantismo e Modernismo
(E) Barroco e Arcadismo


13 Assinale a alternativa que não corresponde ao primeiro parágrafo do texto IV:

(A) No segundo período, há uma enumeração, na qual cada um dos elementos enumerados se inicia com um advérbio de negação .
(B) No segundo período, os regionalismos são valorizados em detrimento do nacionalismo, valorizado no primeiro período.
(C) No segundo período, a expressão "tudo isso junto, fundido, reunido" resume os elementos anteriormente enumerados.
(D) No segundo período, a expressão "sob a bandeira do Cruzeiro" designa a pátria de Quaresma.
(E) No segundo período, o segmento "Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país" amplia o argumento do período anterior.


14 "Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do "seu" rio que ele mais implicava." (linhas 31 - 33)

Assinale a alternativa a que se refere o pronome sublinhado na frase acima:

(A) Defender a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo.
(B) Saber o valor do ouro, dos diamantes exportados por Minas.
(C) Saber as nascentes e o curso de todos os rios.
(D) Saber as espécies de minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha.
(E) Amputar alguns quilômetros ao Nilo.


15 Assinale a alternativa em que a palavra sublinhada apresenta um sufixo formador de substantivo a partir de adjetivo:

(A) "sabia o valor do ouro, dos diamantes exportados por Minas" (linha 26)
(B) "era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro." (linha 11)
(C) "procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar" (linha 19)
(D) "O ministério era liberal, ele se fez conservador" (linha 16)
(E) "não era a beleza da Guanabara" (linha 8)


16 Assinale a alternativa que apresenta sentido semelhante ao da seguinte frase:

"Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a pátria."

(A) Desgostou-se, sofreu, ao não maldizer a pá-tria.
(B) Desgostou-se, sofreu, quando não maldisse a pátria.
(C) Desgostou-se, sofreu, embora não maldisses-se a pátria.
(D) Desgostou-se, sofreu, logo não maldisse a pátria.
(E) Desgostou-se, sofreu, por não maldizer a pátria.


17 Há pronomes que possuem função anafórica, isto é, retomam elementos anteriormente expressos, construindo a coesão textual. Outros, no entanto, apenas apontam para os substantivos, sem retomá-los.

Assinale a alternativa em que o pronome sublinhado não possui função anafórica, na frase:

(A) "procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar." (linha 20)
(B) "quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo." (linha 36)
(C) "mas a junta de saúde julgou-o incapaz." (linha 14)
(D) "Quaresma sabia as espécies de minerais, vegetais e animais que o Brasil continha" (linha 25)
(E) "ia ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo" (linha 31)


18 No primeiro parágrafo do texto IV, o predomínio do emprego do pretérito imperfeito do indicativo tem como justificativa:

(A) Enfatizar a suposição de fatos narrados no passado.
(B) Situar vagamente no tempo ações de contos e lendas.
(C) Enumerar fatos em contínua realização na linha do passado para o presente.
(D) Expressar, sob a perspectiva do presente, fatos passados não habituais.
(E) Marcar que fatos aconteceram antes de outros já passados.


19 No final do romance Triste fim de Policarpo Quaresma, o personagem Quaresma adota uma postura crítica em relação ao nacionalismo que ele adotara no texto IV.

Assinale a alternativa em que esta postura crítica aparece:

(A) "Nada de ambições políticas ou administra-tivas; o que Quaresma pensou, ou melhor: o que o patriotismo o fez pensar, foi um conhecimento inteiro do Brasil, (...) para depois então apontar os remédios, as medidas progressivas, com pleno conhecimento de causa."
(B) "E o que não deixara de ver, de gozar, fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara – todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara."
(C) "É preconceito supor-se que todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara."
(D) "A pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a política que julgava existir, havia."
(E) "Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da pátria tomou-o todo inteiro."


20 É correto afirmar que:

(A) Os textos I, II, III e IV apresentam o Brasil através de uma visão exclusivamente ufanista.
(B) O texto I trata de identidade nacional do Brasil e os textos II e IV exaltam o sentimento de nacionalismo.
(C) Os textos II, III e IV destacam a natureza brasileira e o texto I desvaloriza aspectos culturais.
(D) O texto III exalta a beleza da terra e de sua gente e os textos I e II insistem notadamente na exuberância da natureza brasileira.
(E) Os textos I, II, III e IV fazem uma leitura crítica da História brasileira com especial destaque para aspectos sociológicos.


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